Yes, I'm a sellout.

Friday, February 01, 2008

Sweet Illusion


Quando era novo ouvi uma história. Ficou comigo para sempre. Venho aqui lembrar quem também a conheça, ou contá-la a quem não a conheça.

Conta a lenda que um chefe mouro da região de Al-Gharb, rude e
corajoso, se apaixonou por Gilda, filha de um grande senhor do Norte, morto em combate.
Fizeram-se os preparativos para o casamento: engalaram-se colunas, salões e palácios; engrinaldaram-se casas, ruas e praças. Vieram mongóis, chineses, rajás da Índia, príncipes da Etiópia, germanos e normandos do Norte...
E chegaram presentes. Jóias, moedas, perfumes, ouro e prata, fabulosos presentes de todos os cantos da Terra.
E houve música, canto e dança, nos salões e nos palácios, nas ruas e nas praças.
Comeu-se e bebeu-se.
A festa continuou por muitos dias.
Só Gilda, tristemente, não partilhava da mesma alegria. Enquanto a dança e o canto continuavam, a bela princesa refugiou-se no seu quarto e recostou-se nos seus coxins (almofadas) de ouro e brocado que se confundiam com os seus louros cabelos.
A tristeza da princesa prolongou-se por longos dias, por longos meses. Sofria a princesa, sofria o jovem mouro por ver sofrer a sua princesa e sofria o povo por ver sofrer o seu senhor e a sua princesa.
Chamaram o físico (médico) do palácio, os físicos do reino, os físicos de todo o mundo. Ninguém compreendia aquela dor. Ninguém se atrevia a tentar uma cura, pois se falhassem, seria uma condenação à morte.
Mas um dia...apareceu um velho do Norte. O mouro já sem esperanças, recebeu-o. Logo quis saber quem era e donde vinha.
- Sou o aio de Gilda, o seu velho e grande amigo que a vai salvar!
O Senhor de Al-Gharb, incrédulo, deixou-o entrar nos aposentos de Gilda. Passaram-se horas...
Depois o velho quis falar com o Árabe. - Senhor, Gilda sofre de saudade. A saudade é o mal que destrói o corpo e a alma! Gilda tem saudade da brancura dos campos cobertos de neve do seu país.
O grande medo de perder a sua amada deu ao chefe mouro a ideia de mandar plantar milhares de amendoeiras que, ao florirem, nos seus bilhões de minúsculas e alvas flores, cobriam montes e vales, parecendo enormes extensões brancas de neve. Um dia o palácio acordou com um belo manto de "neve" à sua volta! Gilda exausta, já nem abria os seus lindos olhos cor de turquesa. O mouro levantou-a e aproximou-a da janela. Os olhos azulados da princesa abriram-se a custo, mas foi sem custo que murmurou:
- A minha neve! A minha neve!
E conta a lenda que Gilda se curou e todos os invernos o Algarve se cobre de florinhas brancas devido à saudade de uma princesa nórdica, de cabelos de sol e olhos de mar, e à paixão de um mouro rude e corajoso, encantado por uma loira princesa do Norte.

Texto retirado da Comunidade Islâmica da Web (sem permissão :\ se isto vos incomoda, digam-me!)

7 comments:

Tangerina said...

Olá:)
Conheço a lenda, talvez por eu própria ser algarvia...

É sempre bom relê-la.

Bj de Tangerina

suz said...

Algarvio que se preze conhece a lenda. Ainda me lembro de ser pequenina e andar com flores de amendoeira no cabelo...

Vanessa said...

Como não sou algarvia... desconhecia a lenda! ;)

Estou 'aperdoada?'

Mafalda said...

Muito bonita, a lenda.

Também não conhecia.

Obrigada por este momento de partilha.

Bjca*

rummy_ said...

acho q um dia, algures no passado, já tinha "ouvido" esta historia.

(este é um blog algarvio?xD)

Vanessa said...

Prémio, prémio...

Pequenina said...

Não conhecia.. gostei:)

E esta frase vai já corrida para o meu blog...
"A saudade é o mal que destrói o corpo e a alma!"

( :) )