Yes, I'm a sellout.

Friday, February 29, 2008

partes de um todo.

Pois.. É assim que me sinto às vezes.. Que tenho estes pedaços todos que fui guardando.. E agora de vez em quando ocorrem-me coisas que não sei donde vieram.. ou porque lá estão.. Como aquela noite em que estava no carro com as pessoas de que mais gosto, e estupidamente comecei a implicar com outro carro que, cedo, respondeu na mesma moeda, fazendo-me apanhar um susto.. Coisas que me deixam a pensar se eu devia estar atrás de um volante, ou se os meus amigos deviam estar no carro comigo..

Ou o dia em que saltei do telhado para a piscina, ao contrário da vontade do meu irmão, que depois se foi queixar. E o que fiz a seguir, já que vai acontecer, fi-lo mais 7 vezes.. Já que provavelmente não ia fazê-lo mais na vida.. Fiquei com um ponto sensível no calcanhar devido a esse dia. Sim, porque bater com o pé no fundo da piscina não é a melhor solução. Mas tinha de o fazer. Mas porquê?

Ou, até, e ao menos isso, aquele dia.

Ou as viagens de autocarro de hora e meia, duas horas, ao som dos Metallica, sentindo-me como uma pessoa completamente diferente.. tenho sentimentos mistos acerca desses dias.. Dias alegres que me deixavam cheio de dor..

Ou a outra viagem de autocarro, em que parecia que tinha o corpo completamente destruído, mas a minha alma inquebrável.

E ultimamente, os quatro anos de viagens de uma hora para e de volta da universidade, com os pequenos pedaços do que inicialmente parecia um caminho tão curto, torna-se agora um misto de pequenos esforços mentais para memorizar todos os pequenos pedaços daquele caminho tão viajado, que me faz sentir cada vez mais longe do meu objectivo...

Ou as viagens de elevador.. de um andar, para as aulas de piano, de dois, num elevador em mau estado, para o médico de família, de três, para a casa dos tios, menos vezes.. Tenho saudades da cadelinha que eles tinham..

E já agora, daquela campainha da casa da minha tia.. E como os meus pais nunca quiseram ter uma campainha assim nesta casa... São escolhas, é certo, mas adoro aquela campainha..


E, pior que tudo, a maneira como tudo isto se liga. Como pensar na cadelinha dos meus tios me fez lembrar do pequeno escritório deles (um de cada, a cerca de 20 metros de distância), que me faz lembrar daquela zona, que me desperta o caminho dali até ao parque das nações, que me faz lembrar de jantar lá, (sim, para mim, é raro, que sempre que janto lá é porque vim do Algarve e ainda vou voltar nesse dia), de andar cerca de 4 km a pé porque não sei onde é o parque do Super Bock Super Rock, onde fui ver os Metallica pela segunda vez, onde a primeira foi no Rock in Rio, e como alguém sacrificou tanto para vir comigo, e nas condições lastimáveis em que voltámos.. E no bom tempo que lá passámos... que me lembra dos bons tempos depois, e antes, de todos os bons tempos..

Ah.. todas as memórias tendem para a mesma imagem.. Encostar a minha cabeça na almofada, e abrir lentamente os olhos, e o nariz, e sentir-me em casa.. Finalmente.. Como não me sinto em mais nenhuma altura.. em mais nenhum sítio.. A imagem que une estas partes de um todo.. estas partes de mim..

3 comments:

suz said...

Com que então, está virado para a nostalgia...
Pois é, são todos esses bocadinhos de memória que deixam gravados na nossa mente a pessoa que somos. Revivê-los é como juntar as peças de um puzzle, o puzzle da nossa vida.
Estás no bom caminho. Já tens muitas pelas para lá pôr.

suz said...

peças*

rummy_ said...

são essas peças, q se juntam ao longo da vida, que vão permitindo construir o todo.

mas será q algumas [peças] não se perdem pelo caminho? será q n se fragmentam demasiado, reduzindo-se a pó?